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LEGADO URIAH HEEP - Parte II

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Por Rafael Ordóñez

Após o lançamento de Look At Yourself, tudo parecia melhorar para o Uriah Heep. A relação musical e pessoal entre David Byron, Mick Box e Ken Hensley parecia florescer de maneira natural, e os três teriam se tornado o núcleo principal da banda. Devida à falta de proximidade, entre outras discordâncias, o baixista Paul Newton deixa o Heep, dando lugar a Mark Clark, que ficaria por pouco tempo. A saída de Paul Newton havia sido então o estopinho para que o batera Iain Clarke também deixasse o ex-quinteto, o que permitiu à banda uma aproximação de Lee Kerslake, ex-batera da The Gods (sim, de novo essa banda), que, uma vez dentro da banda, trouxe o baixista Gary Thain, que já era um conhecido da banda.

Lee Kerslake, Mick Box, Gary Thain, Ken Hensley e David Byron

Demons & Wizards e The Magician’s Birthday

Com o time completo, o Uriah Heep começa a dar os retoques finais para a obra-prima Demons & Wizards, quarto álbum de estúdio da banda.

Gravado entre março e abril de 1972, produzido por Gerry Bron, e lançado em maio do mesmo ano pelo selo de Bron, a Bronze, sai Demons & Wizards, um sucesso de público e de crítica. Contendo o maior número de hits banda, o álbum é acima de qualquer suspeita, clássico absoluto, desde a abertura com a maravilhosa The Wizard, até o epílogo com a progressiva Paradise/The Spell. Não há como dar destaque em uma ou outra faixa, já que Demons & Wizards é totalmente recheado de pérolas do mais puro hard progressivo “heepiano”! O álbum foi homenageado mais tarde pela banda Demons & Wizards (coincidência?) de John Schaffer (Iced Earth) e Hansi Kursch (Blind Guardian), além de ter algumas de suas faixas regravadas por muitas bandas mais novas, como o Vintersorg, com a pesada Rainbow Demon (Cosmic Genesis, 2000), o Blind Guardian com The Wizard (The Forgotten Tales, 1996), e o W.A.S.P. com a mais que clássica Easy Livin’ (Inside The Electric Circus, 1986).

A capa do disco, outro show a parte, foi produzida por Roger Dean (conhecido pelos trabalhos com Yes e Asia, entre outros) e conta com as peculiares figuras de um pênis e uma vagina “escondidos” no cenário.

Demons & Wizards

Aproveitando a ótima fase, e sem perder tempo, a banda, entrosadíssima, diga-se de passagem, põe no mercado The Magician’s Birthday, em novembro de 1972. O álbum soa como a continuação direta de seu antecessor, e é igualmente um clássico. Novamente, não há destaques. The Magician’s Birthday merece ser ouvido integralmente, como uma verdadeira obra de arte. A arte, novamente assinada por Roger Dean, é linda como sua irmã mais velha.

The Magician’s Birthday

Em janeiro de 1973, a banda parte para a gravação de seu primeiro álbum oficial ao vivo, Uriah Heep Live, que trazia um apanhado de 12 faixas que percorriam a carreira da banda até então, principalmente os últimos dois álbuns. O álbum obteve ótima repercussão e rendeu à banda uma turnê no Japão.

Uriah Heep Live

Depois da volta na Terra do Sol Nascente, o Heep rapidamente entrava em estúdio para a gravação do sucessor de Magician’s Birthday, Sweet Freedom.

Sweet Freedom e Wonderworld

Fugindo um pouco da temática fantasiosa com a qual a banda ficou conhecida, o novo álbum mostrou uma banda ainda mais entrosada, mas com o som um pouco mais voltado ao “rock clássico de rádio”, ou, colocando em miúdos, um som mais comercial que, de maneira alguma é ruim, ou enlatado demais. Sweet Freedom (1973) representa um ponto na carreira do Uriah Heep em que a crítica com relação à sua música era dividida. Um típico caso de “ame-o” ou “odeie-o”. O álbum também é possuidor da clássica faixa Stealin’, que mais tarde seria coverizada pela banda de hard rock Tesla, no álbum Real To Reel (2007) e até hoje é presença constante nos shows do Heep.

Sem perder tempo (nota-se que não se davam ao luxo da preguiça criativa), o quinteto entra em estúdio novamente para as gravações de Wonderworld (1974), álbum que pra muitos representa a primeira decepção com o Uriah Heep.

Numa primeira audição, Wonderworld parece uma tentativa, frustrada, diga-se de passagem, do Heep de fazer música soft. Basta tomar como exemplo as insossas faixas Wonderworld e The Easy Road (curiosamente, uma das favoritas de Ken Hensley). Apesar da crítica ter creditado a banda por tentar algo novo, nota-se o desvio de direcionamento e a falta daquela produção típica dos discos anteriores. A diferente maneira de gravação adotada pela banda, os desgastes de relacionamento entre Byron e Ken Hensley, e o problema de David Byron com o álcool foram alguns dos motivos encontrados para a “não tão boa” fase do quinteto. Em contrapartida, existem em Wonderworld, alguns bons momentos, que apesar da produção, ainda empolgam, como a pesada Suicidal Man e animada Something or Nothing.

A morte de Gary Thain

Afora os já citados problemas, umas das maiores preocupações da banda passara a ser o baixista Gary Thain e sua dependência química que já vinha desde antes de sua efetivação na banda. Em setembro, durante um show em Dallas, Thain foi eletrocutado enquanto ajustava os equalizadores de seu amplificador. Durante o período em que o baixista esteve hospitalizado, período no qual também foram cancelado e adiados vários show do Heep, o produtor Gerry Bron entrou em colapso com os demais membros pela saída de Thain, visando o futuro da música da banda, mesmo que, no fundo, todos soubessem que os dias de Gary Thain no Uriah Heep já estavam contados.

Três meses depois, o baixista estava demitido, com todas as partes, incluindo o próprio Gary, concordando que ele não estava em condições físicas de continuar. Em oito de dezembro de 1975, Gary Thain, 27 anos, foi encontrado morto em sua em Norwood Green, Londres, vítima de uma overdose de heroína.

Gary Thain
Continua...



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